POR LUÍS PEREZ
Dizer “não” nunca é uma tarefa fácil. Tempos atrás ouviam-se com freqüência relatos de companhias de seguro que respondiam simplesmente “obrigado, mas não aceitamos esse veículo”. Hoje em dia essa negativa vem em forma de preços exorbitantes para a cobertura. Nessa mira não estão apenas modelos específicos, mas também perfis bem definidos de motorista – jovens, com carteira de motorista há pouco tempo e dirigindo versões esportivas são sérios candidatos a receber como avaliação um percentual alto em relação ao valor do modelo. Se a média do mercado é pagar 7% do valor do carro na apólice, nesse caso o seguro bate nos 15% ou até nos 20%. Mas o céu é o limite.
Se esquecermos o perfil do condutor e focarmos exclusivamente no tipo de veículo, veremos que os preços proibitivos (ou mesmo a negativa pura e simples, que ainda existe) estão nos superesportivos (como Ferrari e Porsche), nas picapes diesel (prato cheio de ladrões que querem alimentar o mercado paralelo de geradores) e nos automóveis velhinhos. “Não aceitamos veículos de competição, bem como automóveis com irregularidades de chassi ou emplacamento”, afirma Luiz Antonio Mac Dowell, diretor técnico da Brasil Veículos. Segundo ele, a limitação para os modelos mais velhos fica por conta do alto custo de manutenção. “Existem carros cujas peças não são mais fabricadas”, diz.
Não é simples antipatia. As seguradoras dizem que, antes de chegar a essa “lista negra”, foram realizados vários cálculos – e registrada uma série de sinistros. O cálculo do valor do seguro é formado pela estatística de roubo e furto, mais colisão parcial e total, além do questionário de perfil, que inclui a região de circulação e pernoite do veículo. “De qualquer forma, em geral, veículos fora de linha, cujas peças de reposição não são facilmente encontradas no mercado ou cujas peças de reposição tenham valor muito elevado ou possam ser facilmente colocadas e adaptadas em outros veículos, costumam apresentar preços mais elevados”, afirma Marcelo Sebastião, gerente do produto Auto da Porto Seguro.
Peça com preço
Para ele, o maior impeditivo dos “velhinhos” é mesmo o custo. “Hoje o reparo de um veículo antigo tem o mesmo custo do de um novo, ou seja, custam o mesmo as peças de um zero-quilômetro, de 30 000 reais, e as de um fabricado em 1997, de 15 000 reais. Com o passar dos anos, o carro normalmente se desvaloriza, mas as peças não caem de preço, tornando a apólice proporcionalmente mais cara”, diz Marcelo Sebastião, que depois completa: “Porém é uma fatia do mercado que nos interessa”.
Para encontrar o seguro ideal, vale a velha regra de procurar o corretor e simular o custo em várias seguradoras. Isso porque a política de aceitação e oferta de produtos varia de uma companhia para outra. Algumas focam em veículos de passeio, não operam com alguns importados, preferem atuar com veículos novos ou seminovos, entre outros critérios. “O corretor irá indicar os produtos disponíveis no mercado que melhor atendam às suas necessidades”, afirma Paulo Umeki, diretor de produtos da Liberty.
fonte: Revista quatro rodas