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O IMPOSSÍVEL ACONTECE. Esteja preparado para tudo.

POR LUÍS PEREZ


 

Antes de fechar o seguro, você leu atentamente o contrato? Certificou-se de que seu carro está protegido contra a maior parte dos acontecimentos? Ótimo. Mas será que está mesmo? E se acontecer de seu veículo ser atingido em cheio, quando estacionado na rua, por um aparelho de ar-condicionado que destroça seu teto? E se o automóvel for abalroado por helicóptero desgovernado? Ou, ainda, cair em um rio? Sabe se você tem algum direito caso seu carro seja vítima de vândalos na rua ou de torcedores enfurecidos com a perda do título de seu time na porta do estádio?
Achou os fatos improváveis demais? Saiba que, em matéria de seguros, é sempre bom estar preparado para eles. Acontecem e espalham-se rapidamente pela internet, para diversão geral de quem procura imagens inusitadas. Foi o caso de um Fiat Stilo atingido em São Paulo por um ar-condicionado. Detalhe: o modelo era daqueles equipados com teto panorâmico Sky Window, opcional cujo valor é de cerca de 7 500 reais.
Apesar das piadas de que o veículo era o único do mercado com ar-condicionado de teto, o dono não deve ter achado graça nenhuma. Mas folguem os que passaram a estacionar bem longe de fachadas com condicionadores de ar, pois eventualidades como essa em geral são cobertas pelo seguro. Foi o que descobrirmos ao tentar localizar o proprietário desse Stilo. O veículo já não estava mais em nome do dono, mas da companhia de seguros. O acidente motivou perda total.

O perigo vem do céu
Mais inusitada foi a história da analista de sistemas Claudia Nishi, que teve seu Chevrolet Astra atingido por um helicóptero em plena Marginal Pinheiros, em São Paulo, em 2005. Até hoje ela fala do assunto com certo nervosismo – e olhar para os céus lhe causa certa apreensão, sobretudo com o tráfego intenso de helicópteros da capital paulista. Na época do acidente, ela duvidava que aquilo estivesse acontecendo. “Escutei um barulho forte de helicóptero. Mas nunca me passou pela cabeça que ele estaria caindo, ainda mais em cima de mim. Em questão de segundos, o trem de pouso bateu no teto do meu carro.” A seguradora da aeronave pagou o prejuízo. Mas nem precisaria. Seu próprio seguro arcaria com os custos, se fosse necessário. Isso porque os seguros em geral cobrem esse tipo de ocorrência. Hoje Claudia tem um Volkswagen Fox. “É menor, portanto mais difícil de ser atingido por um helicóptero”, diz, aos risos.

Ainda assim, é importante o cliente ler atentamente as condições gerais, pois há exclusões diferentes de uma para outra companhia. “Não são cobertos sinistros por tumultos generalizados com danos de grandes proporções”, afirma Paulo Umeki, diretor da Liberty. “Quanto ao veículo estacionado no estádio, não há exclusão de cobertura, porém os danos devem representar valor acima da franquia do seguro.”
Entenda-se por danos de grandes proporções fatos como calamidade pública. Caso de terremotos, por exemplo (as chamadas “convulsões da natureza”). Ou seja, se um tremor como o que atingiu São Paulo no último mês derrubar construções sobre uma série de carros, o seguro pode rejeitar. No entanto, se só um veículo for atingido, muito provavelmente a seguradora não vai se opor a pagar.
Exposição ao risco Embora pouco comuns, é possível contratar seguro com cobertura adicional para tumultos e danos da natureza. Mas ele vai custar mais caro. Quanto? Tudo vai depender do risco a que o veículo está exposto. Se o proprietário expuser seu veículo a um risco desnecessário, no entanto, é grande a chance de a seguradora se recusar a fazer o ressarcimento. Exemplo: o carro ficou alagado ao atolar na areia da praia... O que ele estava fazendo naquele local, que não é uma via aberta ao tráfego? O mesmo raciocínio vale caso você esteja com seu veículo tentando abrir uma trilha off-road na mata. No entanto, se você ficar preso numa enchente que alagou uma avenida, certamente a seguradora vai ressarci-lo. Outro caso improvável razoavelmente comum entre as seguradoras são as quedas de árvore. No geral, o seguro cobre, assim como a queda de um coco no capô do seu carro, como era mostrado num comercial de TV. A realidade é muito mais criativa que qualquer ficção. Então por que dar chance ao azar? 

ESPECIAL SEGUROS  - REVISTA QUATRO RODAS